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Colônia dos Alemães em Bom Despacho/MG

pontoImigração Alemã no Brasil
pontoColônia David Campista e outras colônias
pontoTexto sobre os alemães: Jornal Tribuna Bondespachense de 1984
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A imigração alemã no Brasil


"A Colônia de Leopoldina, na Bahia, foi o primeiro núcleo colonial fundado com imigrantes alemães no Brasil, em 1818. A partir desta data, imigrantes alemães entraram em vários Estados brasileiros (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná), embora sua maior concentração tenha sido nos dois Estados meridionais do país: Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sob o rótulo de "colonos alemães", englobamos todos os imigrantes de língua alemã, sejam eles provenientes da Alemanha, Áustria ou Polônia. Como área de "colonização alemã" consideramos aquelas regiões do sul do Brasil povoadas predominantemente com imigrantes de origem alemã, embora tenham recebido também colonos de outras origens, inclusive luso-brasileiros.

Os imigrantes alemães, que entraram nas Províncias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul durante o século XIX, se localizaram nas áreas de florestas, entre o litoral e o planalto, longe das regiões de grandes propriedades luso-brasileiras empenhadas na criação de gado. Estes imigrantes, portanto, ficaram separados dos luso-brasileiros e suas atividades não afetaram em nada as áreas latifundiárias. As regiões colonizadas por alemães se caracterizaram principalmente pelo regime de pequenas propriedades policultoras e pelo fato de permanecerem relativamente isoladas, gozando de uma certa autonomia e realizando um comércio em pequena escala, não especializado, dominado por alguns comerciantes proprietários de pequenas lojas nos principais centros coloniais. Nas duas Províncias citadas, a colonização alemã — no século XIX — acompanhou os vales dos principais rios, desde o curso inferior até quase as nascentes, já no planalto: trata-se dos vales dos rios Itajaí (Santa Catarina) e Sinos, Jacuí, Taquari e Caí (Rio Grande do Sul).

A imigração alemã para o Rio Grande do Sul começou em 1824, com a fundação da Colônia de São Leopoldo, no vale do rio dos Sinos. Esta imigração sofreu uma interrupção com a Revolução Farroupilha e se reiniciou muito mais tarde, na década de 1850, quando foi instalada a Colônia de Santa Cruz (1849) e toda uma série de colônias privadas. Em Santa Catarina, os primeiros alemães chegaram em 1828 e foram instalados na Colônia de São Pedro de Alcântara, não muito distante da capital, na estrada que se abria para Lajes. Só duas décadas depois é que começou o grande fluxo de imigrantes alemães para este Estado, com a colonização do vale médio do rio Itajaí e das terras a noroeste do Estado, próximas ao porto de São Francisco do Sul que compunham o dote da Princesa D. Francisca, casada com o Príncipe de Joinville. Da iniciativa privada de Hermann Blumenau, surgiu a Colônia Blumenau, no médio Itajaí-Açu (1850); em seguida, foram fundadas as Colônias de D. Francisca (1851), Itajaí-Brusque (1860) e Ibirama (1899), a primeira nas terras da Princesa D. Francisca, a segunda no médio Itajaí-Mirim e a terceira no alto Itajaí-Açu [1].

A fundação de colônias com imigrantes alemães no Rio Grande do Sul e Santa Catarina se deve tanto à iniciativa privada como à iniciativa governamental (seja do Governo Imperial ou Provincial). Entre as colônias fundadas por iniciativa governamental estão São Leopoldo, Três Forquilhas e Ijuí, no Rio Grande do Sul, e Itajaí-Brusque, em Santa Catarina. Blumenau (depois transformada em colônia oficial a pedido do seu fundador), D. Francisca (instalada pela Hamburger Kolonisationsverein) e Ibirama (instalada pela Hanseatische Kolonisationsgesselschaft) são exemplos de iniciativa privada na área da colonização. As sociedades de colonização tinham interesse principalmente na venda das terras a longo prazo, que dava um lucro razoável, acrescentando-se ainda o financiamento da passagem dos imigrantes e os empréstimos iniciais para permitir a instalação dos mesmos nos lotes. Iniciativa individual e idealista como a do Dr. Blumenau é uma exceção à regra e teria fracassado se não fossem os esforços do mesmo para transformá-la em colônia oficial. Ao Governo Imperial interessava povoar uma área de florestas com pequenos proprietários agricultores e os esforços de colonização se concentraram nas duas províncias meridionais em virtude da pressão dos grandes proprietários de café quanto à concessão de terras a estrangeiros em São Paulo. Sendo o café uma das principais fontes de divisas para o país, argumentava-se no Senado que pequenas propriedades, policultoras ou não, encravadas nas áreas cafeeiras seriam extremamente prejudiciais. Mas havia uma razão bem mais importante para concentrar grandes contingentes imigratórios entre o planalto e o litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É evidente que não foram os imigrantes que deliberadamente escolheram essas regiões de floresta para colonizar. Havia uma razão estratégica para que o Governo Imperial destinasse essas áreas a colonização: era preciso abrir vias de comunicação entre o litoral e o planalto e isto só seria viável acompanhando o vale dos principais rios. Segundo Waibel (1958, p. 211-13), o que interessava ao governo brasileiro era estabelecer nas áreas de floresta das províncias meridionais colonos que fossem pequenos proprietários livres, "que cultivassem as terras de mata com auxílio das respectivas famílias e que não estivessem interessadas nem no trabalho escravo, nem na criação de gado". As primeiras colônias foram estabelecidas em pontos estratégicos entre o planalto e o litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a fim de garantir de alguma forma as vias de penetração. Em Santa Catarina, principalmente, não havia comunicação entre a capital Desterro e o planalto e foi com esta finalidade que se deu estímulo à colonização alemã no vale do I tajaí.

A maior parte dos alemães que entraram no Brasil durante o século XIX, portanto, se concentraram em algumas áreas dos dois Estados sulinos. Nos demais Estados as cifras não chegam a ser significativas, a não ser para o Paraná (onde a imigração chegou a ser importante só no século XX), e, em menor escala, para o Espírito Santo. Os alemães que foram para o Paraná, em grande parte saíram das colônias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina em busca de melhores terras; os contingentes imigratórios mais numerosos no Paraná foram de eslavos. O Estado de São Paulo atraiu imigrantes de origem alemã durante a primeira metade do século XIX para trabalhar na lavoura de café, mas uma série de circunstâncias limitaram a entrada de colonos na segunda metade do século. O governo da Prússia, pelo Rescrito de Heydt em 1859, proibiu a propaganda a favor da emigração para o Brasil e a atividade dos agentes de emigração, proibição que atingiu toda a Alemanha em 1871. O decreto foi revogado no final do século (1896), mas só em relação aos três Estados do sul do Brasil. A proibição prussiana foi conseqüência dos problemas enfrentados pelos imigrantes nas grandes fazendas paulistas, por causa do regime de parceria. O interesse do Governo Imperial também se limitou às primeiras colônias fundadas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina — no caso, São Leopoldo, São Pedro de Alcântara e Rio Negro. Com a mudança da política em 1830 foi proibida qualquer despesa do governo com colonização estrangeira no Império e a responsabilidade dessa colonização passou a ser dos governos provinciais a partir de 1834. A iniciativa privada na área de colonização só começou a partir de 1850.

As grandes levas de imigrantes alemães entraram no Brasil entre 1850 e o final do século, o que pode ser deduzido do grande número de colônias fundadas nesse período. É difícil fazer a estatística exata dos imigrantes dessa origem que chegaram ao Brasil. As informações mais precisas só existem a partir de 1884: de acordo com estatísticas oficiais, entre 1884 e 1939 entraram no Brasil 170.645 alemães. Eduardo Prado calcula que entre 1830 e 1884 o número de imigrantes alemães chegou a ser de 71.247 e no período anterior (isto é, 1818 a 1830) foi de apenas 6.856 (Cf. Willems, 1946, p. 64-5). Dos cinco milhões de imigrantes que saíram da Alemanha entre 1824 e a Segunda Guerra Mundial, o Brasil recebeu uma porcentagem mínima. De acordo com Willems (op. cit., p. 66), somando os imigrantes de língua alemã que chegaram nos cinqüenta anos que vão de 1886 a 1936, teríamos uns 280.000 indivíduos — apenas 7% do total de imigrantes que o Brasil recebeu neste período. Os dados estatísticos, como se pode ver pela amostra acima, são muito contraditórios; o número exato de imigrantes que entrou em cada área de colonização, mais do que o número global, é praticamente impossível de ser estipulado pois as estatísticas regionais são muito incompletas.

O que é extremamente importante no caso da imigração alemã não é a quantidade de pessoas que entraram nos vários períodos, mas sim o fato de que os colonos dessa origem se concentraram em determinadas áreas, longe do contato com elementos luso-brasileiros. As colônias alemãs, em geral, ficaram isoladas durante várias décadas antes de serem introduzidos nelas imigrantes de outras procedências, principalmente italianos — o que sucedeu só depois de 1870. Formaram-se, então, no sul do Brasil, núcleos coloniais etnicamente homogêneos nos quais a introdução posterior de imigrantes de outra origem não alterou fundamentalmente o sistema de colonização. No vale do Itajaí, onde a colonização foi predominantemente alemã, os colonos italianos receberam terras em alguns distritos ainda não totalmente povoados com imigrantes alemães, como Rodeio, Benedito Novo e Rio do Sul. Os colonos franceses e italianos que entraram no Itajaí-Mirim foram encaminhados, em sua maioria, para o vale do rio Tijucas"


[1] — Evidentemente outras colônias menos importantes foram fundadas no vale do Itajaí. A primeira tentativa de colonização estrangeira na área foi em 1845, quando o belga Charles van Lede fundou a Colônia Belga de Ilhota. no baixo Itajaí-Açu, que fracassou alguns anos depois, tendo seus colonos se dispersado. A Colônia Blumenau, na medida em que passou a ser uma colônia oficial, pôr outro lado, abrangeu uma área muito grande, hoje desmembrada em muitos municípios. Blumenau foi um centro de distribuição de imigrantes alemães e italianos que receberam terras nas regiões que hoje correspondem aos municípios de Indaial, Rodeio, Timbó, Gaspar e Benedito Novo, entre outros.

Texto extraído de: 'A colonização alemã no Vale do Itajaí-Mirim', de Giralda Seyferth, editora Movimento/SAB, 1974, p.29-33

Texto 2

A vinda dos alemães - Igreja Luterana

"...As primeiras famílias alemãs chegaram em Belo Horizonte antes da Primeira Guerra Mundial. A razão da vinda foi a oportunidade de trabalho em Belo Horizonte, que estava em construção. Por volta de 1930, já havia na cidade uma pequena comunidade austríaco-germânica. Muitas famílias tinham fixado residência no bairro Serra. Esse fato acabará por determinar o local da construção da futura Igreja Luterana de Belo Horizonte.

Pastores da Comunidade Luterana de Juiz de Fora percorriam o interior do Estado, visitando as colônias alemãs - João Pinheiro, David Campista, Álvaro da Silveira e Raul Soares. Nessas ocasiões, o pastor também realizava ofícios em Belo Horizonte. A primeira visita de um pastor luterano às famílias residentes em Belo Horizonte ocorreu em 1912....."

Texto extraído do site da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte.
link:
http://www.luteranos.com.br/101/planejamento/2000.html

 

 

 

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No Brasil:


* "O começo na mata virgem." - Imagem pertencente ao Museu Histórico Visconde de São Leopoldo / RS


* Família de imigrantes alemães no Núcleo Colonial Nova Europa, em Ibitinga, SP, 1941
Acervo Museu da Imigração - SP / SP

 

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