Programa Senhora do Sol - Bom Despacho/MG

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Confesso que vivi... Em Bom Despacho

Poema Mnemônico de Wulcino Teixeira de Carvalho.

Primeira Parte


Cheguei em Bom Despacho animado

E, ali mesmo, na Praça do Jardim-sem-Flor

Levei o carro à oficina do Piruca

Pra uma checada no cabeçote do motor.

Dali até o Sebastião Menezes,

Onde fui provar um terno de tropical,

Tive de parar inúmeras vezes

Pra prosear com o “Pinico”, o “Pipoca” e o “Pardal”.

Na majestosa igreja Matriz

Eu vi o padre Antenor, padre Ivo e padre João.

Visitei a casa São Vicente

E comprei presentes na Casa Assumpção.

Passei na loja “Casa da Sogra”

E fui até o Tõinzinho Cardoso.

Depois do cartório do Chico Carvalho

Fui até o Venerando Veneroso.

Tomei uma pinga no Bar do Arísio

E mais outra no Armazém do Marovêu.

Dei uma guimba pro Romeu das Latinhas

E o Sirôco gritou: “O próximo toco é meu!”.

Fiz a feira na Praça do Larguinho.

Comprei pão na padaria do Dôco,

Um quilo de carne no açougue do Martelo

Onde paguei e não recebi o troco.

Do Pepê, fui ao bar do Ari,

Ali bem na Praça da Estação.

E, na Vila Militar eu vi

Os sentinelas trocarem o plantão.

Encontrei o Badu, o Mutrêco, o Péia,

A Futrica, o João-Sapato e o Lôco.

Vi o sô Moacir dentro da boléia.

Dei mais uma guimba pro Sirôco.

Joguei “pelada” no Campinho-do-Padre

E, na Quadra Piraquara, futebol de salão.

À tardinha, na Praça de Esportes eu vi

O Lalado mergulhar e perder o calção.

Com a dona Lourdes do Zé da Vó

Tive as primeiras lições pela manhã.

Mais tarde, no Grupo Chiquinha Soares

Estudei gramática com a dona Saçã.

Fui aluno do saudoso Nicomedes Campos,

Do Elvino Paiva, do Shudi e do Magelão.

Vi a dona Clarinda velha de guerra

Esbravejar com o Brasinha e o com Estilão.

Acompanhei a perder de vista

Nicolau Leite na sua longevidade.

Vi dona Alma – a querida parteira –

Trazer novas crianças a esta cidade.

Vi o Azul, o Preto, o Vermelho, o Branco

E a Roxa, completando todas as cores.

Vi o “footing” na porta do Cine Regina

E os namorados na Praça dos Amores.

O pipoqueiro Cristóvão, pontualmente,

Parava seu carrinho defronte a igreja.

E ali no Bar Tupã, cheio de gente,

A moçada animada tomava cerveja.

Aí, peguei o táxi do sô Preto

E fui até lá na casa do Favuca.

De carona com o Zúis-fala-fino

Voltei até a casa da Tinuca.

Depois de um dedo de prosa com o Elísio

Aparei a barba ali no salão do Oldack.

Encontrei muitas moças maravilhosas,

Mas, a Leda Handam é que era destaque.

Então, fui até o Bar do Salemein

Comprar picolé de côco queimado.

E ali em frente o Bazar do Noeff

Veio o “Bola” me pedir um trocado.

Vi o Antônio Leite na Prefeitura,

Onde assumira pela segunda vez

Após a euforia da primeira vitória

Aquela do histórico 1.503!!!

Ouvi o “Sombra” gargalhando na Rádio

E assombrando toda a turma do PSD.

Vi os políticos da UDN em campanha

Fazendo promessas em que só otário crê.

Vi a Associação Atlética Bom-despachense

Dar de goleada no time do Batalhão

Na partida onde o Boréia driblou toda a defesa

E o Tarcísio completou com um gol de mão.

Vi o Lara, de juiz, roubar um pênalti

Contra o time do CAP de Pompéu.

Li o livro “Luz, sombra e reflexo”

Vivido e escrito por Liquinha Maciel.

Acompanhei o mestre Zé Etelvino

Edificando igrejas e outras construções.

Andei pelas ruas poeirentas da cidade

Acompanhando reinados e procissões.

Ali em frente o consultório médico

Eu cruzei com o nosso doutor Juca

Que tinha extraído mais dois bernes

Um no “Sapo” e outro no “Pururuca”.

Vi seguidamente a Festa do Rosário

O corte do Dunga, o Moçambique e o Penacho.

Zanzei da Cruz do Monte até a Biquinha

Da Tabatinga à Rua Picão Camacho.

Depois desse périplo bem legal

Revi o Luquine, o Simão e o Zuca.

Aí, peguei a estrada pra capital,

Após buscar meu carro no Piruca.

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Fotos e Comentários

Wulcino Teixeira de Carvalho

wulcino@ig.com.br
wulcino@peyrani.com.br

 

 

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