Willer
Mamede - willer.mamede@ig.com.br
Escrever usando contos é sempre interessante, pois
além de ilustrar o texto clarificando-o, aborda de
forma lúdica e criativa o assunto.
Por isso no meu dia a dia, seja nas empresas ou escolas, utilizo
sempre o recurso dos contos, já que provoca reflexão
e facilita a compreensão.
E nenhum conto explica melhor sobre cooperação
e competição na atualidade do que “ O
purgatório e o paraíso.” :
A um rabino foi permitido que visitasse o purgatório
e o paraíso.
Primeiramente foi levado ao purgatório, de onde provinham
os gritos mais horrendos dos rostos mais angustiados que já
vira. Estavam todos sentados numa grande mesa. Sobre ela,
se viam iguarias, comidas das mais deliciosas que se possa
imaginar, com a prataria e a louça mais maravilhosa
que jamais se vira. Não entendendo porque sofriam tanto,
o rabino prestou mais atenção e viu que seus
cotovelos estavam invertidos, de tal forma que não
podiam dobrar e levar aquelas delícias às suas
bocas.
O rabino foi levado ao paraíso, onde se ouvia deliciosas
gargalhadas e onde reinava um clima de festa. Porém,
ao observar, para a sua surpresa, encontrou o mesmo ambiente:
todos sentados à mesa que vira no purgatório,
contendo as mesmas iguarias, as mesmas locas e os mesmos cotovelos
invertidos.
Mas um detalhe muito especial: cada um levava a comida à
boca do outro.
( Conto citado em “ A Cabala do Dinheiro” de Nilton
Bonder , editora Imago – 10ª Edição)
Globalização,
nova ordem econômica, capitalismo....
Este cenário do mundo moderno vem provocando nos trabalhadores
e em outros segmentos sociais a constante luta rumo à
sobrevivência e o bem estar.
Mas por incrível que pareça, o ritmo do homem
moderno está muito distante daquilo que poderia transformar
a sua vida no “ paraíso”. Ele acorda de
manhã, quando o relógio desperta, mal cumprimenta
os que estão em casa , toma café rapidamente
porque acordou com péssimo humor por uma noite mal
dormida, se “arma” e vai para a luta ( literalmente
luta). O palco de combate é o trabalho, lá por
estar armado tem que derrotar os colegas mais fortes e tornar
mais impotente os mais fracos e assim se defender o tempo
todo dos outros, porque senão o próximo “
pescoço” que pode rolar pelo chão poderá
ser o seu ( e de desemprego ninguém quer saber). Quando
termina o dia, ele volta para casa estressado, e muitas vezes
doente – dor de cabeça, tensão muscular,
úlcera, gastrite, tristeza profunda, exaustão,...)aí
já não consegue se alimentar bem porque o trabalho
lhe tirou a fome e a saúde. Toma-se um banho e tenta
ter uma forma de lazer: ou a televisão (que sempre
apresenta competições: nos jogos, nas novelas
com tantas rivalidades, filmes, jornais, programas de auditório,...)
ou os bares. O mais interessante das pessoas que se encontram
pelos bares nos fins de tarde em nossa cidade, é que
a maioria sai para aliviar o estresse causado pelo trabalho
e não somente para se divertir. Quando voltam para
casa tentam dormir (sob o efeito do álcool ou algum
outro calmante) e esperam o relógio tocar novamente
e começar o fatídico dia novamente.
Isso é o que na verdade as pessoas chamam de cotidiano
e dia útil, os fins de semana longe da competição
e do estresse não é dia útil ( Será
inútil? Para mim é o purgatório com o
afirma o texto).
A situação descrita e vivida, se não
por todos, mas por uma grande parcela da sociedade, exemplifica
muito bem o conto: de um lado uma mesa cheia de iguarias (
oportunidades que temos no dia-a- dia), do outro pessoas que
não conseguem levar comida à própria
boca( deficientes e competitivos) que sofrem por não
se alimentarem (o orgulho e a mesquinharia impedem os homens
de contribuírem com os outros primeiramente, já
todos ( ou quase) querem a recompensa antes do trabalho realizado).
A solução para este mundo repleto de privações
(purgatório) está na forma como se conduzem
as relações no paraíso. Pessoas contribuindo,
cooperando, alimentando e facilitando a vida do próximo,
complementando sua deficiência, nutrindo e fazendo –o
sobreviver.
O homem, por enxergar no outro um concorrente eterno, deixou
de contribuir e cooperar. Passou a usar mais o lado esquerdo
do seu cérebro ( analisando, calculando, fazendo,..)
esquecendo- se que é o lado direito que nos liga (
de coração) ao outro e faz nos colocar no lugar
dele, nos envolver, sentir, criar, amar e cooperar.
Na sede de ganhar competindo, perdemos não cooperando.
A vantagem de difundir a idéia da cooperação
dentro das empresas é justamente com o intuito de promove-la
a um status de força e poder organizacional em prol
da saúde e do bem estar do trabalhador. Se as empresas
preocuparem mais com a melhoria da qualidade de vida do trabalhador,
começando pela cooperação, com certeza
obterá deste o certificado de excelência empresarial.
O clima de confiança e amizade criado pela cooperação
faz o diferencial entre as empresas que possuem melhor imagem
no mercado.
Faça da sua empresa um centro de qualidade via pessoas
cooperativas, e prepare-se para obter maior produtividade,
qualidade, satisfação e menor taxa abseteísmo,
turn – over, estresse e adoecimento.
A escolha está nas suas mãos, cooperar ou competir!
Willer
Mamede
Psicólogo – Tel: (37) 3522 – 5659 ou
willer.mamede@ig.com.br
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