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A ATUAÇÃO DO COORDENADOR DE GRUPOS
POR ONDE COMEÇAR?

Willer Mamede - willer.mamede@ig.com.br


O homem enquanto ser social encontra-se circundado e inserido nos mais diversos tipos de grupos (familiar, trabalho, lazer, educacional, religioso,...) nos quais participa, contribui e procura reconhecimento enquanto pessoa.
São os grupos que possibilitam a complementação das habilidades e a potencialização dos talentos humanos. É no espaço grupal que os membros podem compartilhar os seus sentimentos, viver a sua afetividade, aprender, influenciar e ser influenciado.
Por estas razões sempre houve e haverá o interesse genuíno dos “técnicos” em pesquisar e desvendar os fenômenos grupais na sociedade e nas organizações. Os alvos de interesse centralizam-se basicamente em três componentes significativos e essenciais: as relações interpessoais, a tarefa e a vinculação entre relações interpessoais/tarefa.
O desempenho eficaz entre relações interpessoais e tarefa é determinado pelo que Kurt Lewin chama campo de forças, que são as forças impulsoras que atuam nos grupos favorecendo a sua maior produtividade e as restritivas gerando estagnação ou baixa produtividade. A análise e intervenção correta nesse campo de forças possibilita os processos de mudanças e o desenvolvimento grupal, gerando a melhoria no clima socioemocional e na auto-estima dos grupos.
O papel do coordenador torna-se então imprescindível já que a sua forma de atuação implicará substancialmente nas construções grupais e conseqüentes resultados para as organizações.
O coordenador passa a ser o fio condutor e responsável pela quantidade e qualidade das interações, devendo atuar em três processos:
§ Investigação – conhecer o grupo e avaliar o momento grupal;
§ Intervenção – utilizar-se de técnicas que melhor se adequem ao momento grupal e aplicá-las. Vale lembrar que não serão as técnicas em si que garantirão o sucesso do coordenador e do trabalho de grupo, e sim a sua forma de atuação e como se utiliza das técnicas para alcançar os objetivos pré-determinados. A flexibilidade neste processo é um dos pré-requisitos para que o coordenador possa lidar satisfatoriamente com a imprevisibilidade dos conteúdos que emergem nos grupos.
§ Impacto – avaliar e reavaliar constantemente o grupo, verificando as mudanças efetivadas.
No processo de investigação de grupos alguns fatores a priori devem ser considerados: Como foi constituído o grupo?Quais são os seus objetivos? Quem são os membros?Quais as principais características do grupo?Qual a dinâmica(funcionamento) atual do grupo? A sólida fundamentação teórica do coordenador neste ponto é fator de relevância para a leitura do grupo e o início de um caminho que poderá levar ao sucesso do trabalho. A contribuição de alguns teóricos no diagnóstico dos momentos grupais possibilitam a interpretação adequada do contexto grupal. Dentre eles podemos citar: Pichon Rivière, Bion, Kurt Lewin, Jones, Tuckman e Shutz.
Shutz diferencia os estágios grupais em inclusão, controle, abertura e separação, podendo os grupos transitarem de um estágio ao outro conforme o momento e o movimento que executam. Estes estágios podem ter ou não um caráter.
Jones afirma que existem quatro estágios grupais: no primeiro ocorre a formação do grupo, há dependência do coordenador e o relacionamento entre as pessoas acontecem com o intuito de definir os objetivos do grupo. O segundo estágio caracteriza-se pelo conflito intragrupal e tem como princípio a organização interna do grupo, sobretudo no que tange aos papéis e normas.No terceiro estágio, coesão, os membros estão mais próximos uns dos outros, compartilham mais as informações, são mais produtivos. No quarto estágio predomina a interdependência, fácil de ser almejada mas difícil de ser conseguida, que evidencia o nível de maturidade grupal e a melhoria dos relacionamentos interpessoais, comprometimento com a tarefa e produtividade.
Nos processos de intervenção, o conhecimento de técnicas vivenciais de grupo faz-se necessário para saber o que, por que, como e quando aplicar a mais adequada ao momento do grupo, seja na psicoterapia de grupo, T- Grupo ( laboratório de sensibilidade) ou no desenvolvimento de equipes.
Independente da metodologia de abordagem de grupo, todas tem um princípio norteador comum: gerar o desenvolvimento e a aprendizagem nos membros a partir da realidade vivenciada.
No processo de avaliação ou impacto, é preciso que se verifique como o grupo se encontra no momento após a investigação e intervenção. Os resultados devem ser analisados:
§ Houve melhoria e evolução na performance do grupo?
§ O grupo tornou-se mais produtivo?
§ As relações interpessoais atuais são mais favoráveis e cooperativas?
§ Há maior interação e complementação de habilidades?
§ As decisões são mais conscientes e satisfazem ao grupo?
Os processos de investigação, intervenção e impacto devem ser considerados numa visão micro (dentro de uma técnica específica) e numa visão macro (que é a visão da totalidade do processo grupal), sendo ambas importantes e complementares para a progressão dos grupos.
Trabalhar em grupos nem sempre é “um mar de rosas” já que implica em conviver com individualidades, enfrentar conflitos em benefício do todo, saber lidar com papéis e poder nos grupos, sustentar os ganhos e as perdas.
Aos coordenadores vale ressaltar que, lidar e aventurar-se com seres humanos é ajuda-los na travessia por um “campo minado” onde a qualquer momento podem “explodir” sentimentos de amor, ódio, tristezas, alegrias, medos, raivas, frustrações, realizações, sucesso e fracasso.
As posturas e conhecimentos dos coordenadores devem favorecer o grupo na passagem pelo “campo minado” e que essa travessia possam torná-los mais competentes e hábeis para lidarem consigo mesmo, com o outro e com a tarefa.
Às organizações que objetivam maior competitividade no mercado, o desenvolvimento dos grupos de trabalho torna-se imprescindível para promover maior integração entre os membros, melhorar a qualificação e elevar os padrões de desempenho grupal.

Willer Mamede
Psicólogo – Tel: (37) 3522 – 5659 ou
willer.mamede@ig.com.br


 

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